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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Desconto de 50% no ICMS.

Comerciantes localizados nas áreas de interdição para obras de mobilidade urbana da Copa do Mundo de 2014 poderão ser beneficiados com um regime especial de cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). O pleito encabeçado pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL) chama à atenção da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz/MT) para a necessidade de se reduzir a alíquota do Imposto como forma de compensar a queda no fluxo de consumidores e, consequentemente, as perdas de venda e receita. Cuiabá é uma das sedes brasileiras do Mundial de futebol.

Como explica o presidente da CDL/Cuiabá, Paulo Gasparoto, o pedido é para uma redução de 50% sobre a alíquota do ICMS por um período limitado, como forma de reduzir custos. “Quem está nos corredores das obras viu as vendas caírem muito em menos de um mês de bloqueios totais. Vendendo menos, compra-se menos, já que a demanda pelo estoque reduz. E por isso, este atendimento diferenciado se faz necessário para que o empresário não passe dificuldades e tampouco venha a fechar as portas. Acreditamos que uma carga tributária menor possa preservar a atividade, e especialmente, o emprego, por saber que na hora do aperto o primeiro custo cortado é o da mão-de-obra, e sabemos que os transtornos só estão no começo”, argumenta.

A Sefaz e a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo de 2014 (Secopa) têm conhecimento sobre o pleito. Para a Sefaz/MT avaliar que tipo de benefício será concedido à Secopa está em campo cadastrando o comércio atingido para mensurar o universo de cada trecho de interdição. Como explica a assessoria da Secopa, o tratamento diferenciado é uma decisão do governo do Estado. Mas, como a Sefaz/MT é técnica, precisa de dados/informações para elaborar estudos, a Secopa está fazendo o levantamento e por isso o assunto está em fase inicial. “Sem conhecer a realidade, não há como ter um parecer sobre o pedido e o que e como poderá ser atendido”.

O pleito foi levado à Sefaz/MT há cerca de 30 dias e a CDL/Cuiabá sabe que está no início de uma nova cruzada contra o peso da carga tributária no Estado. Por ter um apelo mais forte, a classe tem a expectativa de ser atendida. “Só neste trechinho aqui cinco empresas já fecharam: duas distribuidoras de bebidas, duas de autopeças e uma de estofados”, disse o gerente da Amigão Autopeças, Amarildo Andrade.

SITUAÇÃO - Na última sexta-feira, o Diário percorreu o maior trecho de interdição total da Miguel Sutil, que vai da Avenida Jurumirim à Avenida dos Trabalhadores. No local, a única movimentação são trincheiras e quem trabalha na região. No trecho, além de posto de gasolina, concentraram-se lojas de móveis e decorações e autopeças.

Amarildo frisa que as vendas caíram entre 30% e 20%. “Só não está pior porque vendemos muito por telefone”. A única estratégia da empresa, como frisa, é torcer para que o prazo de 90 dias seja respeitado e que Miguel Sutil volte a ser liberada.

José Carlos de Araújo, proprietário da Marilza Cortinas e Estofados, está no local há cinco anos e diz que sem o fluxo normal de carros fica difícil vender. “Quem compra um sofá e uma cortina, por exemplo, demora a voltar. Não vendemos comida e sem o fluxo ficamos sem vender, porque nosso cliente demora a voltar. Ninguém troca de sofá todo mês ou a cada seis meses”. Ele conta que a primeira estratégia para driblar a redução de cerca de 60% nas vendas foi tentar renegociar o aluguel, tentativa sem êxito. Fora a falta de acesso à loja, Araújo cita a poeira como outro transtorno. “O pó suja os estofados. Quando colocamos tudo para dentro e encostamos a porta, parece que estamos fechados”, lamenta.

Logo ao lado, o Posto Solaris coloca em prática seu plano de ação que tem validade de 90 dias. “Todos os funcionários que estavam com férias estão gozando do benefício e remanejamos pessoal para o outro posto, ali na Avenida do CPA. Todo esse rodízio tem fim em três meses. Se nada tiver mudado para melhor, as demissões serão inevitáveis”, aponta o gerente Marcos César Farias. As vendas no posto de bandeira BR estão 70% menores e, para piorar, como relata, as vendas à vista foram as que mais deixaram de ser realizadas. “Para atenuar a falta de caixa, o lava-jato que atendia clientes que ganhavam duchas como cortesia foi fechado e o horário de atendimento alterado, antes era das 6h à 0h, e agora vai das 7h às 19h”.

A gerente da Autopeças São Cristóvao, Helen Finger, destaca que a venda de balcão caiu 20% e que a estratégia tem sido ligar para os clientes e mostrar que as compras e orçamentos podem ser feitos por telefone e pela internet, via site e facebook. “Se não buscarmos alternativas ao balcão, será difícil atravessar esse período que vai ultrapassar, em muito, os 90 dias que foram anunciados para a retomada do fluxo da avenida”. A empresa fez até um mapa mostrando como chegar à loja por meio de rotas alternativas.

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